terça-feira, 4 de novembro de 2014

Madonna - "Like A Virgin" (30 anos!) + Bedtime Stories (20 anos!)



Décadas se passaram e ainda temos notícias e frutos de uma das sobreviventes , representativas e criativas figuras do pop. Madonna Ciccone está na ativa há mais de 30 anos e a cada ano ainda consegue gerar expectativas em torno de seus futuros projetos e quebrar recordes.
Neste mês de novembro seu segundo álbum, ‘Like  A Virgin’ (Warner/Sire Records - 1984), completa 30 anos, produzido por Nile Rodgers (ele mesmo, o carinha da guitarra, do sucesso ‘Get Lucky’, do Daft Punk) e co-executado por músicos do classudo grupo Chic do qual o mesmo fazia parte. Após uma estreia esfuziante, o álbum auto intitulado Madonna apresentava a jovem rebelde e sonhadora  ao mundo com sonoridade disco, hits ‘Everybody’, ‘Lucky Star’, ‘Holiday’ e ‘Physical Atraction’, e uma representativa cifra de 9 milhões de cópias vendidas. Seu contrato com a Warner era de apenas 2 álbuns, mas até o momento o mega estrelato ainda não tinha sido alcançado. Sob forte pressão e expectativa, uma balada com letra áspera (no quesito moral e bons costumes) composta pelos ainda desconhecidos Billy Steinberg e Ton Kelly, ‘Like a Virgin’ era o carro chefe e base do que seria sua marca artística definitiva para inseri-la de forma notória no mundo do entretenimento mundial. Como sempre seus olhos  muito atentos desde o recrutamento do produtor (que tentou inutilmente de todos os modos a convencê-la a não gravar a baladinha cafona – por padrões musicais artísticos) ao fato de mudar drasticamente o direcionamento musical (que já estava vendendo tão bem) para algo mais consistente e fora dos padrões comerciais da época (sim, já existiam crises na indústria da música naquela época). Comprada a briga, entre murmúrios negativos nos escritórios da gravadora (que visava acima de tudo o faturamento), o disco foi produzido em 6 semanas mas ficou engavetado até que os frutos do primeiro trabalho se esvaíssem por completo. E mais um tabu estava para ser derrubado, pois era intimidador uma artista feminina, branca e iniciante com apenas um contrato de dois trabalhos conseguir se igualar aos medalhões como Prince (Purple Rain) e Michael Jackson (Thriller e seus já 25 milhões de discos comercializados) e a inevitável Cyndi Lauper (She´s So Unsual), também vale mencionar Lionel Ritchie (ex Commodores) e Chaka Khan. Podia ser, sim, desafiador mas não impossível. ‘Material Girl’, faixa de abertura, foi o hino pessoal da cantora nos anos 1980. Já ‘Like A Virgem’ implantou um novo comportamento e tal qual uma epidemia, diversas garotas apareciam vestidas e dispostas  a  revolucionar o mundo espelhadas em seu ídolo (tais imagens estão presentes no home video 'The Virgin Tou’, gravada no City Music Hall, numa excursão que ganhou proporção conforme os shows iam acontecendo). A prensagem do disco em alguns países (incluindo nosso sortudo Brasil) traziam a faixa ‘Into The Groove’ no repertório, resultado das portas abertas do cinema com o filme ‘Procura-se Susan Desesperadamente’. Outros destaques do disco são as faixas ‘Love Don’t Live Here Anymore’ de 1978, de Miles Gregory, que pilotou junto com Norman Withfiel a  trilha sonora da primeira montagem do filme ‘Car Wash’ e a esfuziante ‘Dress You Up’. Ela finalmente estava pronta e com o mundo nas mãos. Seu som era definido sob aspecto inovador para a época e uma nova estrela sacudiu o MTV Movie Awards com sua apresentação arrebatadora e cheia de sensualidade. A capa do disco ficou a cargo do fotógrafo e  amigo de longa data, Steven Meisel. Nos créditos do encarte o disco foi ironicamente dedicado a todas as virgens do mundo!!! Rsrsrsrs...



Anos se passaram e após 20 anos de carreira, muito bem trilhados, se firmando como um ícone que ‘não segue tendências, (sim, ela as dita!)’ é fato que, com tamanha responsabilidade e probabilidade sócio cultural a arte de Madonna quebrou também o que se costumava chamar de limites/tabus. No início da década de 1990 seu livro SEX, acompanhado do disco ‘Erotica’, fez um tremendo estardalhaço e seria muito complicado reinventar-se em meio a tantos cacos espalhados. Mas, aí está, mais uma vez, o quesito maestria – a qual a já experiente mulher de negócios sabia muito bem lidar. Esperava-se que se desse um tempo – para baixar a poeira, talvez, ou até mesmo se tramar uma nova estratégia de reinvenção. Mas não, o universo pop não tinha nada  que esperar e o faro da incansável mulher já estava atento ao que acontecia com a música, então um time improvável de produtores da moda, na linha do R&B moderno, era escalado para jogar por uma nova marca  chamada Madonna (!). Lembro que um amigo me falou, um dia, que ela se reinventava a cada disco: “é como se ela começasse uma nova carreira”. ‘Bedtime  Stories’ (Maverick/Sire Records/Warner – 1994) soou como um novo sopro e uma piscina clara e fresca de novas possibilidades sonoras e artísticas da, já não mais Material Girl. Canções como ‘Survival’ e ‘Human Nature’ ainda colocavam lenha na fogueira quanto a sua resposta a críticas duras sofridas no trabalho anterior, mas ao mesmo tempo mostrava uma artista madura (em brincar com sequências eletrônicas – como em ‘Don´t Stop’). ‘Secret’ é um momento ecumênico que coloca Madonna em pódio ainda inalcançável por suas seguidoras. Um momento inusitado do disco é a canção título (que não é tão título assim, rsrsrs), ‘Bedtime Story’), assinada por ninguém menos que Björk e produzida pelos caras (Nelle Hooper e seu assistente, Marius DeVries) responsáveis por sua gama sonora inconfundível. O vídeo para a canção é um dos seus mais primorosos visualmente e mais caro consequentemente (estima-se 5 milhões de dólares). ‘Take a Bow’ é co-escrita, produzida e cantada (com vocais discretos e sensuais) por Baby Face, que também fez o mesmo na charmosa ‘Forbiden Love’. ‘Inside Of Me’ é a minha favorita e o disco é cheio de samples (todos creditados claro!). Acredito que foi o último disco da tia ainda prensando no formato de vinil, sim o mercado começava a abrir mão de seu legado elegante  e artístico (muitos foram colocados em calçadas para serem levados juntos como lixo - fato extremamente lamentável) em lugar do novo, portátil, prático, límpido, digital e fofinho CD. Os estojos originais eram de um azul pastel e ao contrário do disco o encarte trazia muitas fotos da nova fase da musa. Há também o fato de duas prensagens da capa – item de colecionador, na certa – em que a posição da foto muda, quer para cima ou para baixo.

Foi meio improvável que artisticamente a soma dos talentos e mãos de um time de pessoas carimbadas dos estúdios (a saber, Nellee Hooper, Baby Face, Dallas Austin e Dave 'Jam'Hall) resultassem em um trabalho tão delicado e belo (e com a grande ‘responsa’ de recriar uma arista com a integridade profissional questionada no momento), claro que supervisionado cuidadosamente pela mulher dona de seus negócios.  Nos agradecimentos Madonna fala sobre o desafio de fazer um disco “tão arriscado”artisticamente (algo sempre presente em seus trabalhos) e ressalta a compreensão de antigos produtores (Shep Pettibone – que talvez, junto a muitos fãs, não tivessem entendido suas escolhas para o momento), ela também celebrava a abertura do seu selo Marverick, que traria entre as grandes surpresas Alanis Morissette e seu Jagged Little Pill. É talvez seu disco mais sutil e leve (e não vendeu muito bem comercialmente falando – ela sequer excursionou para promovê-lo), mas é cheio do talento e sensibilidade de uma senhora (dona de si), que sabe exatamente o que quer e que ainda traria muitas surpresas e novidades estéticas e sonoras nos anos vindouros, pois até aqui ainda eram os anos 90!!!
:)

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