sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Marisa Monte - O Que Você Quer Saber De Verdade

Marisa Monte sempre trabalhou para borrar a distinção entre a “alta” MPB e os mais menosprezados — às vezes duvidosos — gêneros popularescos. Em seus discos, para cada canção clássica de George Gershwin havia um iê-iê-iê de Roberto Carlos, e os sambas melancólicos de Paulinho da Viola e Nelson Cavaquinho eram rebatidos por uma letra de autoajuda de Nando Reis ou uma maçaroca rítmica de Carlinhos Brown. Ao longo de mais de vinte anos de carreira, Marisa defendeu, muitas vezes com bons argumentos, o valor da música “menor”. E reafirmou esse credo nas entrevistas de divulgação do novo álbum, O que Você Quer Saber de Verdade, dizendo que sua obra teve desde o início uma “vocação popular”. Boa cantora que sempre soube se cercar de ótimos músicos e arranjadores, até agora ela vinha conseguindo, de fato, refinar a cafonice, pairando soberana sobre o brega. Mas, no disco recém-lançado, o oitavo de sua carreira, Marisa afinal sucumbiu.
Expoente do híbrido de pop e MPB que emergiu depois do rock dos anos 80, Marisa é ainda uma influência fundamental para intérpretes da nova geração: todas insistem no flerte com a música cafona, e há até quem imite a sua falta de jeito no palco. Em O que Você Quer Saber de Verdade, porém, até o ecletismo da cantora tornou-se previsível: uma regravação de Jorge Ben aqui, uma balada em seguida, um resgate da MPB tradicional ali. Além disso, os músicos que ela chamou para o disco ou estão descaracterizados (caso do guitarrista Lúcio Maia, do baixista Dengue e do baterista Pupilo, muito aquém do que mostram no grupo Nação Zumbi) ou têm uma participação decorativa. Ao final do CD, tem-se a impressão de ter ouvido não Marisa, mas alguma integrante do batalhão de intérpretes que a imitam. Marisa Monte virou um genérico de si mesma.
Herdeira direta do tropicalismo, movimento pioneiro em dar chancela intelectual à veia kitsch da cultura brasileira, Marisa namora aqui a música ruim da vez, o sertanejo universitário — seja no ritmo, seja nas letras do mais banal romantismo (“você que me faz feliz / você que me faz cantar”). O baladão Depois vem de uma tradição mais sólida, mas igualmente insuportável: lembra como a influência da fase romântica de Roberto Carlos foi nefasta para a MPB. Para um certo público, a voz de Marisa Monte converteu-se em um selo do bom gosto, autorizando a entrada de xotes e boleros na sala de jantar. E é só essa autoridade estabelecida — mas frágil — que ainda permite distinguir suas novas canções daquilo que se ouve em discos de Luan Santana ou Paula Fernandes. 
Sérgio Martins


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Joss Stone - LP 1


A moça é bonita e tem vozeirão. Lembro do lançamento do seu primeiro disco, Mind, Body & Souldas inevitáveis comparações com Janis Joplin (Nada a ver! São coisas distintas e com direções bem definidas) e por fim do som, que tem um dedo no pop/retrô, o que já daria o que falar com Amy Winehouse, posteriormente. 
 
Então é a hora de mostrar que o sucesso de Joss Stone não veio por acaso e tempo das novas expectativas sobre seu segundo álbum, Introducing joss Stone, tomarem consistência. Admito que, apesar das parcerias com os fabulosos C'mmon e Lauryn Hill, as faixas do disco e a densidade da propsta me deixaram meio confuso e que Colour Me Free de 2009 passou batido. Mas, Tell Me What We Gonna Do Now tem clipe e poesia irresistíveis.https://www.youtube.com/watch?v=Kwynr6vCcgk
 
Contudo, logo minhas atenções se voltaram para o trabalho da Joss, quando soube que Dave Stewart (Eurythmics) estava com ela em estúdio. Opa! O cara tem bagagem e algo bom sairia dessa união, com certeza. Lp1, álbum de Stone em parceria com Dave, tem o requinte do pop e blues e baladas lindas e emotivas. Não sei se o Dave influenciava tanto a Annie Lennox para o desfecho sem sucesso do amor, mas canções desse disco, como Last One To Know, Drive All Night e Cry Myself To Sleep se entrelaçam de forma tão avassaladora que mereciam um curta, dados os tantos detalhes e imagens que sugerem. Incrível o poder da música, que além de nos transportar para qualquer época, nos dá essas dimensões e possibilidades. Minha trilha e dica para este mês!!
Demonstrativo do resultado da parceria no link abaixo: