terça-feira, 25 de novembro de 2014

Elba Ramalho - Do Jeito Que A Gente Gosta 30 Anos!!!

Sempre fico me perguntando o que será da obra de um artista quando ele obtém um êxito incrível com um determinado trabalho. É fato: discos geniais, que abordem uma determinada temática e resultam num disco cheio de hits e outras canções geniais, deixam o trabalho tão cheio de superlativos que fica quase impossível assimilar um projeto vindouro.  Nesse caso em específico, Elba Ramalho lançava, em 1983, o disco ‘Coração Brasileiro’ e o sucesso ‘Banho de Cheiro’ arrematou o Brasil de forma explosiva e insuperável. A partir daí, o que esperar? Sim, o trabalho, depois de exaustiva excursão e execução, fica saturado e era costume, nesta época, o artista lançar um disco a cada ano. Mas, isso nunca é problema para artistas como Elba, com as antenas voltadas para o universo e o que acontece nele. O disco ‘Do Jeito Que A Gente Gosta’ completa 30 anos e como tantos outros continua com um vigor e frescor (por vezes, com apelo urgente) dos trabalhos atuais que o nosso povo precisa tanto. Canções como ‘Forró do Poeirão’ e a faixa título deixam mais uma vez a festa garantida nos salões de forró. Há momentos românticos e de tradição, com arranjos sempre bem cuidados, deixando o material em estado de arte vibrante. A canção do disco que mais chamou a minha atenção, desde a primeira audição, foi ‘Nordeste Independente’ (que, na época, teve proibida sua execução em rádios e TVs)
que reproduzo abaixo:

Nordeste Independente 

(Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova)


Já que existe no sul esse conceito
Que o nordeste é ruim, seco e ingrato
Já que existe a separação de fato
É preciso torná-la de direito
Quando um dia qualquer isso for feito
Todos dois vão lucrar imensamente
Começando uma vida diferente
De que a gente até hoje tem vivido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Dividindo a partir de Salvador
O nordeste seria outro país
Vigoroso, leal, rico e feliz
Sem dever a ninguém no exterior
Jangadeiro seria o senador
O cassaco de roça era o suplente
Cantador de viola, o presidente
O vaqueiro era o líder do partido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Em Recife, o distrito industrial
O idioma ia ser nordestinense
A bandeira de renda cearense
"Asa Branca" era o hino nacional
O folheto era o símbolo oficial
A moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o inconfidente
Lampião, o herói inesquecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
O Brasil ia ter de importar
Do nordeste algodão, cana, caju
Carnaúba, laranja, babaçu
Abacaxi e o sal de cozinhar
O arroz, o agave do lugar
O petróleo, a cebola, o aguardente
O nordeste é auto-suficiente
O seu lucro seria garantido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Se isso aí se tornar realidade
E alguém do Brasil nos visitar
Nesse nosso país vai encontrar
Confiança, respeito e amizade
Tem o pão repartido na metade
Temo prato na mesa, a cama quente
Brasileiro será irmão da gente
Vai pra lá que será bem recebido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Eu não quero, com isso, que vocês
Imaginem que eu tento ser grosseiro
Pois se lembrem que o povo brasileiro
É amigo do povo português
Se um dia a separação se fez
Todos os dois se respeitam no presente
Se isso aí já deu certo antigamente
Nesse exemplo concreto e conhecido
Imagina o Brasil ser dividido
E o nordeste ficar independente
Povo do meu Brasil
Políticos brasileiros
Não pensem que vocês nos enganam
Porque nosso povo não é besta


Como ela diz em abordagem, “coisas engraçada evidentemente, mas totalmente cheias de um teor autêntico e urgente.” Salve Elba Ramalho!!!


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